Fichamento II

CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora? In Informática Educativa- UNIANDES – LIDIE. Vol 12, No, 1, 1999. Pp11-24. Disponível em: http://fe-virtual.fe.unb.br/file.php/133/Novas-Tecnologias-Na-Sala-de-Aula-Melhoria-Do-Ensino-Ou-InovaCAo-Conservadora.pdf (acesso em Fevereiro de 2013).

Descrição da Obra:
Em seu artigo, Cysneiros fala sobre o uso das tecnologias na educação. Quanto ao seu grau de aproveitamento pode ser considerado um uso adequado que proporciona qualidade ao ensino ou ainda pode ser um uso desqualificado, denominado assim de uma inovação conservadora, por manter os aspectos conservadores da escola, tais como o método de ensino, estudo e afins.
Após introduzir a obra, desenvolve o tema em quatro subtemas, tais como, a história da tecnologia educacional; inovação conservadora; internet, informação e educação; e finaliza com o subtema, uma concepção fenomenológica da tecnologia educacional.

Citações da Obra:
“(...) Aprendi a ter um profundo respeito pela grande maioria de professores e professoras que desenvolveram formas criativas de ensinar e de educar, construídas dentro das limitações e das condições existentes. A partir dessa atitude de respeito, de aprendizagem mútua, tem sido possível experimentar novas abordagens com alguns sucessos em meio a alguns fracassos.”
“Ao tratarmos de novas abordagens de comunicação na escola, mediadas pelas tecnologias da informação, estamos tratando de Tecnologia Educacional.”
“O uso de artefatos tecnológico na escola tem sido uma história de insucessos, caracterizada por um ciclo de quatro ou cinco fases, que se inicia com pesquisas mostrando as vantagens educacionais do seu uso /.../ terminando pela adoção limitada por professores, sem a ocorrência de ganhos acadêmicos significativos” (Larry Cuban apud Cysneiros, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora?).
“... as possibilidades de usar essa coisa (os computadores) pobremente são tão maiores que as chances de usá-los bem, que deixam as pessoas como nós – fundamentalmente otimistas acerca do uso de computadores – muito reticentes.” (Sherry Turkle apud Cysneiros, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora?).
“No início dos anos 80 iniciaram-se as primeiras políticas públicas em informática na educação, no contexto mais amplo da reserva de mercado para informática.”
“O fato de se treinar professores em curso intensivos e de se colocar equipamentos nas escolas não significa que as novas tecnologias serão usadas para melhoria da qualidade do ensino.”
“(...) São aplicações da tecnologia que não exploram os recursos únicos da ferramenta e não mexem qualitativamente com a rotina da escola, do professor ou do aluno, aparentando mudanças substantivas, quando na realidade apenas mudam-se aparências.”
“(...) tecnologias amplificam a capacidade expositiva do professor, reduzindo a posição relativa do aluno ou aluna na situação de aprendizagem.”
“(...) Não quero com isso afirmar que tais tecnologias de exposição não são úteis. São sim, nas mãos de mestres criativos, dentro de contextos apropriados.”
“Vários autores reconhecem que os usos educativos das tecnologias da informação na última década – instrução assistida por computador (CAI), informações em rede, aprendizado à distância – foram embasados em métodos pedagógicos tradicionais: fluxo unidirecional de informações, tipicamente um professor falando ou comentando imagens para alunas e alunos passivos.”
“Alguns professores experientes percebem que quase nada mudou na sala de aula, porém outros, talvez iludidos por um suposto efeito do computador, vêm vantagens nas novas formas de apresentar o conteúdo /.../ Os alunos também cansam após o efeito da novidade.”
“A presença da tecnologia na escola, mesmo com bons softwares, não estimula os professores a repensarem seus modos de ensinar nem os alunos a adotarem novos modos de aprender. Como ocorre com outras áreas da atividade humana, professores e alunos precisam aprender a tirar vantagens de tais artefatos.”
“Outro aspecto que pode confundir o educador é o discurso da necessidade de informação, que nos causa de inicio certa angustia ao concluirmos que a escola não tem acesso imediato à enorme quantidade de informação que é produzida diariamente no mundo.”
“(...) Devido ao sentimento de inadequação, não ocorre ao professor que o mais importante é o ato de pensar com determinadas informações, não o acesso indiscriminado a qualquer informação.”
“Embora a internet seja um recurso com muito potencial para determinadas atividades educativas, ela também pode ser mais um fator de colonialismo cultural (...).”
“(...) É muito importante que coloquemos tais máquinas nas mãos de nossas crianças e adolescentes, porém sempre predominando o ato de educar, de examinar criticamente – numa atitude freiriana -, aquilo que está lá.”
“Desde minhas primeiras incursões pela literatura sobre as tecnologias da informação e da comunicação, aplicadas ou não à educação, tenho tido a impressão de caminha sobre um grande mosaico de pedras desconexas, de formas e tamanhos diversos /.../ Esta analogia traduz uma sensação que talvez seja uma das características permanentes da multidisciplinaridade de uma área como a Informática Na Educação /.../ torna-se mais saliente quando se trabalhamos com a formação de professores em Informática Na Educação.”
“A Fenomenologia tenta abordar os objetos do conhecimento tais como aparecem.”
“Nossa experiência da realidade é transformada quando usamos instrumentos {Ser Humano > (máquina) > Mundo}. Através do instrumento há uma seleção de determinados aspectos da realidade, com ampliações e reduções.
“(...) O uso pedagógico das novas tecnologias é algo relativamente incipiente.”

            Resumo do Texto
            O autor inicia o artigo com a caracterização da precariedade das escolas públicas brasileiras, que impossibilita o uso das tecnologias de informática e comunicação na educação. Trás um breve histórico do uso das tecnologias na educação, e ainda apresenta a conclusão dos benefícios e das perdas com a implantação de programas, por parte do governo, para a implementação de tecnologias na escola, incluindo os programas de formação profissional para atuação na área.
Muitos professores não sabem inovar; mesmo com novas tecnologias que permitem novas formas de ensinar, os professores as usam para facilitar apenas o velho método de ensinar. Usam programas avançados, que se usados de uma outra maneira possibilitaria uma maior participação dos alunos nas relações de ensino, do contrário são usados na forma conservadora da escola. Muitos professores ficam encantados com as novas tecnologias, mas não sabem como usá-las, o que resulta na inovação conservadora, o que pode causar problemas nos alunos como a cópia de trabalhos prontos da internet, o plágio, e se o professor não tiver o mínimo de conhecimento das Tecnologias de Informática na Educação, ficarão admirados com a qualidade e tamanho de um trabalho do aluno, quando na verdade o mesmo não passa de uma cópia. As novas tecnologias podem auxiliar a educação de várias maneiras. Mas para tal, o professor precisa ter conhecimento das mesmas. Além do mais, o professor precisa ser criativo.
A necessidade de se manter atualizado, informado com as notícias que estão na rede, muitas vezes tem confundido educadores de todos os âmbitos para a principal questão: uma troca de vivências (uma conversa informal) pode valer muito mais do que uma informação encontrada na rede, quando não se sabe qual objetivo se trabalha. Isso é o professor deve ir atrás da informação certa e também deve saber como transmiti-la a seus alunos de uma forma inovadora, criativa, diferente do atual conservadorismo da escola, proporcionando dessa forma o gosto pelos estudos nos alunos.
As novidades tecnológicas exigem uma formação adequada de professores para que saibam lidar com tantas novas formas de se ensinar e aprender. É preciso que o professor deixe passar o impacto que tais tecnologias provocam nas pessoas, e estejam preparados para enfrentar os aspectos positivos e negativos do surgimento de tais ferramentas. Devem ter em mente que o uso das tecnologias em favor ou não da educação modificam nossa forma de ver e agir sobre o mundo. Cabe ao professor saber lidar com essas transformações e tirar dessa realidade o melhor que puder para qualificar as relações de ensino-aprendizagem dentro da escola.

Crítica
Dizer que as tecnologias trazem ao mesmo tempo vantagens e desvantagens é muito fácil. Entretanto, quando se trata das tecnologias aplicadas à educação, a questão torna-se mais complexa. Cabe aqui, além de listar as vantagens e desvantagens do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação, além de analisar também, os aspectos que envolvem desde a estrutura física da escola, que será implantada as TICs, até mesmo a estrutura do quadro docente da escola.
Por outro lado, não basta dizer que as tecnologias proporcionam a qualidade do ensino, ou que uma escola não tem estrutura para esse investimento, é preciso que se investigue além das possibilidades visíveis. É necessário que haja um planejamento para o sucesso desse trabalho. Do contrário, haverá apenas desperdício de recursos e a escola continuará com seu formato e conservador, mesmo tendo tecnologias que permitam sua inovação, tratando-se, como o autor afirma, de uma inovação conservadora.
Outro ponto que se faz necessário ressaltar, além da qualificação e da inovação da escola, trata-se da qualificação dos professores que utilizarão as TICs. Tal qualificação pode ser feita por meio de cursos adequados para professores, para que saibam utilizar as inovações em benefício da educação. Por outro lado, é importante que o professor tenha em mente que não basta ter formação e os recursos necessários; é de crucial importância que o professor seja criativo e que saiba envolver os alunos em suas aulas.
O autor deixa bem claro em seu artigo, uma série de pontos positivos e negativos sobre as tecnologias voltadas para a educação. Contudo se faz necessário ressaltar que para sanar as problemáticas do uso das TICs na educação deve-se pensar em projetos governamentais que envolvam tanto a melhoria da estrutura física da escola, quanto a devida formação e motivação dos docentes, lembrando que se deve pensar em projetos que atendam as necessidades de cada localidade em sua particularidade, pois nenhuma cidade, bairro ou município é igual à outro.

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